Amor Incerto. Capítulo 2

O início...

Tudo começou no ano em que frequentava a 9ª classe, na ESM. Ainda miúdo, porém com um jeito meio velho, atrapalhado e quiçá fora da moda, conheci a Genny uma menina que estudava na sala vizinha da minha.
Ah! Só de lembrar, fazem cá umas cócegas na barriga. Deixe-me descrevê-la. Uma pele amarela-esbranquiçada, um cabelo belo, diferenciado dos demais e natural. Um corpo jeitoso, uma pele suave,  e um riso esplêndido, só dela, apesar de ser meio orgulhosa, mas afinal quem não é? Uma miúda inteligente, e sempre com um sorriso no rosto. Um olhar fascinante!
Tenho até hoje uma foto guardada, empoeirada de esquecimento. Guardei-a para lembrar daquele único momento, pois não são todos os dias em que o nosso coração arde loucamente.
Bons tempos foram aqueles, cheios de devaneios, cheios de desejos! Sonhos belos que se  foram.
Tempos de inocência e despreocupação! Em que tudo era "Vamo que Vamo", bastasse chegar  lá! A Genny era namorada de um dos meus amigos, o Issulo.Por isso,de principio eu nem não dava qualquer atenção para toda aquela graciosidade dela.
Ao andar do tempo ficamos muito amigos! Conversávamos, ríamos, fazíamos muitas coisas juntos. Ela era poderosa, orgulhosa, inteligente, linda, enfim, um bom partido.
Não tardou para o meu coração exaltar-se perante  aquela escultura graciosa. Mas, no fundo, eu sabia que aquela paixão era  mais que impossível, pois eu  nunca teria coragem de apunhalar o meu amigo pelas costas. Eu não queria ser um rasteiro, por isso mantive em segredo o  fogo ardente que degradava meu coração deixando-o em cinzas. Adoptei o remanso, fiquei no recanto. Ouvi o trinado das aves, e dancei amargamente a balada da minha tristeza.
Em pouco tempo houve  uma trégua entre o meu raciocino  e o meu coração. Um repouso temporário, sentia a tranquilidade dentro de mim. Mas mesmo assim, o meu coração por ela delatava! Mal batia, perto dela os pés mal sentia, pois mais nada para mim ao lado dela existia!
Já dizia o grande poeta, Vaz de Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói , e não se sente"

Mas mantive a calma e a cabeça fria. Sosseguei o meu coração, cantando-lhe lindas canções de amor, que lhe embriagava de amor, e esperança.
Que tolo! Pois, eu e o meu coração somos directamente proporcionais. Quanto mais amorudo ele fica, eu também.
Falando do meu amigo Issulo, acabei me lembrando da amiga da Genny, a Seyna!
Tive uma pequena amizade com Seyna! Ela era muito amável e inteligente. Falando em Inteligência, lembro-me de que ela era a melhor aluna nos cálculos. Copiávamos nela os trabalhos de casa.
Ela também era de pele clara, macia, por aí em diante. Mas os meus olhos estavam totalmente e somente direcionados para a Genny e mais ninguém.
Vendo que o ano estava  a escaços dias para o fim, decidi me declarar, revelar o segredo que me queimava por dentro havia meses, dentro do meu coração. Mesmo  com o coração decidido,  indeciso ainda permanecia o meu cérebro. Uma desordem em meus órgãos, uma borracha nos meus sentimentos! Caos total dentro mim!
Se eu mal compreendia a mim mesmo, como é que podia ela me compreender? Mas como eu disse, eu era inconsequente, tudo para a minha mente pequena era "Vamo que Vamo".
Já dizia o Luan Santana:
"Eu estou apaixonado,
Estou contando tudo, e nem ai ligando,
para o que vão dizer.
Amar não é pecado
se eu estiver errado ,
que se dane o mundo para o que vão dizer"

Infelizmente o meu coração tinha tomado controle do meu cérebro.
Graças ao "Vamo que Vamo" segui em frente e tive a dita coragem mínima, quimicamente dita "Energia de activação", ou seja, a coragem mínima para fazer sair por minha boca , o que há muito o meu coração falava aos berros! Então, no último dia de aulas eu lhe falei tudo. Silêncio total naquele instante e de seguida ela me deu um beliscão bem forte, e eu fui correndo para casa. Fui patético, eu sei, mas era apenas o começo, e o pior de tudo ainda estava por vir.
<<Continua>>

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